quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Dilúvio

Dilúvio - este é o nome de uma das músicas  que fazem com que a minha playlist do spotify seja o  meu lugar favorito no mundo ultimamente. Falando em música, hoje estava andando de metrô e me questionando qual seria a minha favorita. Esta e outras perguntas do tipo são uma tradição nas aulas que medio e os/as estudantes, não raramente, ficam pensando por horas para achar uma resposta. Como o meu papel, pensando em uma perspectiva comunicativa e até pós-metodológica, é mais ouvir que falar, nunca voltei a pergunta à professora e, consequentemente, nunca vivenciei a dificuldade da resolução. Assim sendo, depois de anos na retaguarda, tocou esse som da Carol Conká e pensei que essa poderia ser a minha música favorita. No mesmo momento, questionei se seria, de fato, ou quais outros sons, filmes, livros, viagens, etc. seriam os “meus melhores”. Difícil.  

Depois de muito autoquestionamento, lembrei que já preenchi muito perfil de rede social dizendo que a melhor música do mundo seria "Hey Jude", do Beatles. Mais ainda, comprei uma edição limitada e caríssima da Rolling Stones, com as 500 músicas mais estouradas de todos os tempos, somente para ler a respeito desse  tão amado hit. De fato, considero a música boa, mas a verdade é que, há anos, não a escuto mais.    

Por outro lado, esse pedaço de memória também me fez pensar em um tempo passado, quando essa canção dialogava com a minha própria vida. Na minha ótica, ela falava sobre motivação. Nas minhas pesquisas, sobre uma pessoa tentando motivar alguém cujos pais estavam se divorciando. Em outros termos, naquele momento, a música tinha sido feita para mim. 

Passa o tempo, vem outras situações e outras músicas favoritas dialogavam com os momentos. Acabei concluindo que a pergunta não deveria ser qual é a sua música favorita da vida, mas qual é o momento da vida que faz esta música ser a favorita? Obviamente, seria uma pergunta mais profunda e, talvez, por isso, não praticada.

Apesar de Dilúvio estar na minha lista há meses e eu sempre tê-la amado, somente hoje me veio esse pensamento orgasmático de que esta seria a melhor música de todos os tempos. Por acaso, pouco antes de ouvi-la, descobri que tenho diabetes e que, se quiser continuar existindo, a minha vida terá que mudar radicalmente. Peguei o metrô para ir me despedir do molho tarê e também de mim. Estou na capital de São Paulo desde novembro e nada me relaxa mais do que pegar a minha playlist, comer o metrô e ouvir um japonês. Agora as coisas irão mudar? Tenho medo. 

Sei que existem situações piores, mas desde sempre convivo com a diabetes e seus resultados práticos acometendo da visão à vida dos meus familiares. Uma dessas existências era de uma das minhas avós maternas, uma mulher forte com quem eu queria ter convivido. Também tem outros dilúvios me secando ultimamente. Este me inundou até o telhado. Entretanto, como ex - devota de  Beatles, estarei motivada. 




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