quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Distraídos

Gosto de ser romântica, não gosto de ser eterna. Gosto de café, mas bem amargo. Não sei explicar. Gosto de me encantar, apaixonar-me, não gosto de problemas. Bem século XXI, amores líquidos. Vivências, apelidos, epítetos - eu adoro! Que tédio que deve ser encontrar alguém para sempre. Que triste deve ser o frio na barriga esquentar. Eu não, não tenho esta coragem. Não me julguem mal. Sim,  já amei. Lá pelos quinze, conheci - virtualmente - olhem só, o meu primeiro amor. Deixei ele ir. Perdi-o, no mínimo, umas duas outras vezes pela vida. Mal de paulistana, sempre perdendo o trem. Talvez seja essa idealização que me estraga. Sempre visualizei a vida perfeita da qual abri mão, porque estava procurando algo que ainda não encontrei  e  nem sei se existe. O nosso amor era ideal. Idas à doceria aos domingos à noite, bem distraídos, abraços cor de rosa, bicicletas pelo mundo. Qualquer distância disso é nada. Por qualquer meio vacilo, quatro meses ou quatro anos se vão sem que eu perceba. O ariano é isso: é tudo ou é nada. Queima feito brasa, jura ser eterno, vira as costas e esquece. Nem é de maldade, não é que estivesse mentindo. Mas, para a gente, é sempre sobre se encantar: minha vida vem sendo repartida em mil encantos que me distraem e distanciam dos passados próximos. Queria dizer que me arrependo, mas mentiria. Mal de áries. O que amo mesmo são as surpresas da vida. Acordo alegre, esperando a próxima novidade. Estou aqui ouvindo um som, lendo Drummond e desejando sorte para quem o teve. Sei que ele ainda me lê, enquanto me escreve e apaga, esquecendo a caneta atrás da orelha.

Que fase triste da vida deve ser encontrar o amor

Sem mais nervosia, sem a ansiedade do primeiro, do segundo e do terceiro encontro

Encontrar alguém para passar o resto da vida e acabar com o mistério, com a busca

Eu não.

Felicidade é desbravar

O amor que me espere no corte da espada ou no próximo salto, 

que segure a minha mão para o sobrevôo 

Esta vida é sobre a minha energia

Desatenta

Desinteressadamente interessada. Não deu tempo de processar, tampouco fazer raiva. Tô bem curiosa. Não é curiosidade. Ce já mostrou bem o que ce sabe. Como ce sabia como?  Como ce sabia tanto? Paraíso astral.  Signo  que mete medo. Se for sempre assim, corro o risco. Falar em risco estando distante é um alívio. Só recordo à noite, umas duas vezes, talvez três, por semana. Já é o segundo texto... Intensa, menina, intensa. Primeiro e último ou primeiro de muitos? Curtindo não ligar. Curtindo não saber. Curtindo não retornar e nem ter futuro. Mas observo. Uma hora vou te chamar. Por agora, estou curtindo esta curiosidade desatenta,  seduzente. Não fique ansioso, tenho sol e ascendente em queimaduras, sou famosa por isso. 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Surpresa


Adormeci ouvindo a música que você postou. Na letra, alguém estava apaixonado e sendo deixado. Há uns mil anos,  não dormia tão bem. Há dois mil, não metia o louco nesse grau. Foi mais intenso que o meu padrão. Inesperadamente e no último momento possível. Suas mensagens aleatórias, meu desaparecimento constante… Por muito tempo, somente uma viagem da minha cabeça. Os 7 meses para ser foram na última noite. Quis ser mais sóbria, sincera e demorada. De uma parte, ando exausta, de outra, passagem comprada - risco de taxas psicológicas. Acontecimentos avisados, mitos irrealizáveis. Nem paixão e nem fuga. Que sensação estranha. Sem coxinha dourada e sem cheiro de laranja. Como explicar o tempo? Sete meses em uma noite. Sem sapato de cristal. Mas, dormi ouvindo a música. Por que tamanha entrega? Jeito, vontade? Escorpião. Que meio termo maravilhoso. Que sensação estranha. Vivência pressentida e nunca levada a sério. Noite sem pressentimentos seriamente vivenciada. Acontecemos. Uma mesma natalidade, dois países. Desculpando-se, sugeriu futuro, sem desculpas, sumi. Mas, vou dormir com a música... e elaborando.