sábado, 5 de março de 2022

De passagens

Sempre tive medo de mortes precoces. Não pelos jovens, mas pelos bons. Assim como o Renato, vocês sabem o que acontece com eles. Com 17, perdi um amigo. 17s dele, 18s meus. Chorei essa perda com uma amiga de 20 e poucos que nem sequer se despediu. Recentemente, perdi a Mia Zapata. Não a conhecia. Fiquei lendo aquela notícia antiga. Olhando aquela foto tão indigital.... Não tenho medo de morrer.  Nunca tive. Apavora-me não viver com intensidade. Não existe nada de novo nisso. Existe algo de feliz e triste. Feliz, porque já tenho uma vivência intensa. Triste, porquanto também não tenho. Nos fins de semana, férias e feriados - viva, enlouqueço. Durante a semana, sempre morro. É difícil, a gente tem que pagar o que apronta. Até aqui, realizei algumas loucuras orgulháveis. Outras nem tanto. Nada orgulháveis, mas, sim, Loucuras. Memoráveis. Experiências de quase morte. Algumas bem quase. Um pouco irônico quando se detém pavor da morte.  Mas não tenho medo da morte, meu pânico é não viver. Viver sempre significou o exagero: "vamos?" "vamos!", "bebe?", "sim!", "fuma?", "viaja?".... Não é irônico, é icônico que tenha chegado até aqui sem tatuagens e  piercings. É incrível que tenha chegado. Viva, sem tatuagens e piercings. Os trinta  trazem suas imposições. Viver é o exagero. Mas viver, de agora em diante, é o não exagerar. Sempre tive medo de não viver. Durante a semana, sempre morro, mas nesta, irei à praia. Em um mês, um piercing. Um ano, uma tatu. Onde? Tenho o desenho, falta o lugar. Tem tanta coisa que morre precoce. 

2 comentários:

  1. Faz bem de vez em quando a reflexão destas

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    1. Não deixa de ser uma atividade terapêutica, não é mesmo? Muito obrigada pelas visitas e orientações!

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