Gosto de ser romântica, não gosto de ser eterna. Gosto de café, mas bem amargo. Não sei explicar. Gosto de me encantar, apaixonar-me, não gosto de problemas. Bem século XXI, amores líquidos. Vivências, apelidos, epítetos - eu adoro! Que tédio que deve ser encontrar alguém para sempre. Que triste deve ser o frio na barriga esquentar. Eu não, não tenho esta coragem. Não me julguem mal. Sim, já amei. Lá pelos quinze, conheci - virtualmente - olhem só, o meu primeiro amor. Deixei ele ir. Perdi-o, no mínimo, umas duas outras vezes pela vida. Mal de paulistana, sempre perdendo o trem. Talvez seja essa idealização que me estraga. Sempre visualizei a vida perfeita da qual abri mão, porque estava procurando algo que ainda não encontrei e nem sei se existe. O nosso amor era ideal. Idas à doceria aos domingos à noite, bem distraídos, abraços cor de rosa, bicicletas pelo mundo. Qualquer distância disso é nada. Por qualquer meio vacilo, quatro meses ou quatro anos se vão sem que eu perceba. O ariano é isso: é tudo ou é nada. Queima feito brasa, jura ser eterno, vira as costas e esquece. Nem é de maldade, não é que estivesse mentindo. Mas, para a gente, é sempre sobre se encantar: minha vida vem sendo repartida em mil encantos que me distraem e distanciam dos passados próximos. Queria dizer que me arrependo, mas mentiria. Mal de áries. O que amo mesmo são as surpresas da vida. Acordo alegre, esperando a próxima novidade. Estou aqui ouvindo um som, lendo Drummond e desejando sorte para quem o teve. Sei que ele ainda me lê, enquanto me escreve e apaga, esquecendo a caneta atrás da orelha.
Que fase triste da vida deve ser encontrar o amor
Sem mais nervosia, sem a ansiedade do primeiro, do segundo e do terceiro encontro
Encontrar alguém para passar o resto da vida e acabar com o mistério, com a busca
Eu não.
Felicidade é desbravar
O amor que me espere no corte da espada ou no próximo salto,
que segure a minha mão para o sobrevôo
Esta vida é sobre a minha energia