Pouco tempo depois de um mês, dois dias, mais precisamente, retorno.
Dessa vez, menos clara sobre o que escrever ou, talvez, com muitas ideias ao mesmo tempo. Os últimos dias têm sido bem diferentes do que eu esperava.
Para começar, como estudante de doutorado, tenho a possibilidade de participar de eventos científicos em diferentes partes e, recentemente, organizei uma viagem para o Chile.
De setembro para cá, eu acho. Uma viagem para um evento internacional já estava prevista na minha agenda há pelo menos um ano e meio ou mais. Mas, tanta coisa atropela a gente na vida acadêmica e pessoal, que vários artigos, responsabilidades e afins ultrapassaram essa atividade que já estava pendurada na minha agenda há muito tempo.
Enfim, em um dado momento, depois de muito adiar, coloquei a prioridade de sentar e pesquisar um evento internacional alinhado ao meu objeto de estudo para poder ter esta experiência. Primeiramente, para não perder a oportunidade como um todo. Depois, por imaginar que poderia perder o “timing”. Em julho, ou antes, devo qualificar o doutorado e, posteriormente, seria muito difícil realizar uma viagem (internacional). Não sei se sou muito ansiosa, perfeccionista ou medrosa, mas eu investi muito, muito tempo organizando esta viagem de somente sete dias.
Como sempre comento aqui, adoro olhar os caminhos que as coisas tomam para chegar em determinados lugares. Gente, eu sempre sonhei em conhecer a América Latina. Quando tinha uns 15 anos, lembro de ter pesquisado muitas coisas sobre o Chile e sonhado muito com o dia que poderia conhecê-lo. Já agora, mais velha e tendo tido a oportunidade de viajar para diferentes lugares da Europa, o meu desejo estava ainda mais aguçado - parecia uma falha moral não conhecer os hermanos.
Aleatoriedade, destino ou sorte, justamente nesse momento de auto ultimatum apareceu uma viagem especificamente para o Chile. Gente, o primeiro país da Latinoamérica que eu quis conhecer, há quase 17 anos, foi aquele que, de fato, conheci primeiro. Sei lá, este texto é para deixar uma alegria e uma gratidão enorme registradas.
A viagem foi muito bacana, muito melhor que quaisquer expectativas que eu pudesse criar. Talvez, também por isso tenha sido tão bom. Preparei-me, por exemplo, para ficar sozinha por todo o evento. Ultimamente, estou preferindo curtir uma certa solitude, fazer coisas sozinha, não falar muito, ter quietude mental.
No entanto, bastou o primeiro dia do congresso, no primeiro momento, para o primeiro problema aparecer e eu me encontrar <ser social> “obrigada” a pedir ajuda e, por consequência, fazendo duas amizades incríveis. Uma brasileira, do sul (estou no sudeste brasileiro) e outra russa, vivendo no Chile, para onde e para quem estou super empolgada para enviar postais. Ambas relações me acompanharam em diferentes momentos de um congresso/viagem no qual eu esperava ficar completamente sozinha.
Ao mesmo tempo, tive vários momentos de solidão e me senti muito bem. É engraçado me enxergar assim, logo eu que já temi tantas vezes ficar sozinha. Fico pensando se não foi essa redução das expectativas e essa falta de preocupação em socializar que tornou as coisas tão orgânicas e fluidas.
De outra parte, um medo enorme que eu tinha era de ir à praia sozinha. Bem…eu não queria sair do Chile sem conhecer o Pacífico. Todavia, a praia é relativamente afastada da parte central da cidade em que eu estava e meio erma em relação ao Brasil, sendo uma mulher sozinha, isso me gerou, sim, muita preocupação.
Mas, outra vez, atuando o Deus universo ou a Deusa da proteção, fora do congresso, em um lugar ao qual eu cheguei a ir, mas não não consegui visitar por falta de tempo, e, por isso, esbarrei em um grupo que também estava no congresso e também queria ir à praia e também queria uma companhia para completar o Uber. Gente, essas coisas felizes só acontecem comigo?
Agora, tenho casa e parceria garantida com o Pará e estou com aspectos da cultura desse estado no coração na minha playlist.
Essas foram só algumas das lindas <coincidências> desta viagem. Quero falar mais sobre as outras, mas hoje estou dividida entre os desabafos escritos e uma animação da Netflix. Se tudo der certo, volto em breve. Se for como o padrão, talvez em um mês, um ano, ou depois de muitas versões de mim.
Já finalizando, cabe dizer que estou muito ansiosa sobre o doutorado. Hoje mesmo consegui, com muito custo, convencer um médico a me dar remédio para ansiedade. Mas, além de tudo, durante a viagem acordei, literalmente, com uma notícia muito importante para a minha carreira, mas também muito assustadora neste momento. Até isso teve nesse grande rolê internacional, gente! Será uma grande oportunidade, mas uma redução enorme do meu tempo disponível, o que, naturalmente, deixou-me mais preocupada do que eu já estava.
Para terminar, apesar de todos os medos diários e tantas coisas que andam passando na minha cabeça como as oportunidades já perdidas: de ter uma família, uma casa, um pet, viajar mais, etc. eu olho para minha vida <juntamente com a clareza do meu cansaço> e penso que se eu não tiver tomado o melhor caminho, eu, com certeza, cheguei muito mais longe do que tudo que eu ousei sonhar e isso é massa. Tem que ser massa, porque eu arrisquei tudo para chegar aonde estou há um ano e pouco de chegar.
Querido (leitor/a), deseje-me energia e ainda mais sorte!
Obrigada!