sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Chile 1

 Pouco tempo depois de um mês, dois dias, mais precisamente, retorno.


Dessa vez, menos clara sobre o que escrever ou, talvez, com muitas ideias ao mesmo tempo. Os últimos dias têm sido bem diferentes do que eu esperava. 


Para começar, como estudante de doutorado, tenho a possibilidade de participar de eventos científicos em diferentes partes e, recentemente, organizei uma viagem para o Chile. 


De setembro para cá, eu acho. Uma viagem para um evento internacional já estava prevista na minha agenda há pelo menos um ano e meio ou mais. Mas, tanta coisa atropela a gente na vida acadêmica e pessoal, que vários artigos, responsabilidades e afins ultrapassaram essa atividade que já estava pendurada na minha agenda há muito tempo. 


Enfim, em um dado momento, depois de muito adiar, coloquei a prioridade de sentar e pesquisar um evento internacional alinhado ao meu objeto de estudo para poder ter esta experiência. Primeiramente, para não perder a oportunidade como um todo. Depois, por imaginar que poderia perder o “timing”. Em julho, ou antes, devo qualificar o doutorado e, posteriormente, seria muito difícil realizar uma viagem (internacional). Não sei se sou muito ansiosa, perfeccionista ou medrosa, mas eu investi muito, muito tempo organizando esta viagem de somente sete dias.


Como sempre comento aqui, adoro olhar os caminhos que as coisas tomam para chegar em determinados lugares. Gente, eu sempre sonhei em conhecer a América Latina. Quando tinha uns 15 anos, lembro de ter pesquisado muitas coisas sobre o Chile e sonhado muito com o dia que poderia conhecê-lo. Já agora, mais velha e tendo tido a oportunidade de viajar para diferentes lugares da Europa, o meu desejo estava ainda mais aguçado - parecia uma falha moral não conhecer os hermanos.


Aleatoriedade, destino ou sorte, justamente nesse momento de auto ultimatum apareceu uma viagem especificamente para o Chile. Gente, o primeiro país da Latinoamérica que eu quis conhecer, há quase 17 anos, foi aquele que, de fato, conheci primeiro. Sei lá, este texto é para deixar uma alegria e uma gratidão enorme registradas.


A viagem foi muito bacana, muito melhor que quaisquer expectativas que eu pudesse criar. Talvez, também por isso tenha sido tão bom. Preparei-me, por exemplo, para ficar sozinha por todo o evento. Ultimamente, estou preferindo curtir uma certa solitude, fazer coisas sozinha, não falar muito, ter quietude mental. 


No entanto, bastou o primeiro dia do congresso, no primeiro momento, para o primeiro problema aparecer e eu me encontrar <ser social> “obrigada” a pedir ajuda e, por consequência, fazendo duas amizades incríveis. Uma brasileira, do sul (estou no sudeste brasileiro) e outra russa, vivendo no Chile, para onde e para quem estou super empolgada para enviar postais. Ambas relações me acompanharam em diferentes momentos de um congresso/viagem no qual eu esperava ficar completamente sozinha. 


Ao mesmo tempo, tive vários momentos de solidão e me senti muito bem. É engraçado me enxergar assim, logo eu que já temi tantas vezes ficar sozinha. Fico pensando se não foi essa redução das expectativas e essa falta de preocupação em socializar que tornou as coisas tão orgânicas e fluidas.


De outra parte, um medo enorme que eu tinha era de ir à praia sozinha. Bem…eu não queria sair do Chile sem conhecer o Pacífico. Todavia, a praia é relativamente afastada da parte central da cidade em que eu estava e meio erma em relação ao Brasil, sendo uma mulher sozinha, isso me gerou, sim, muita preocupação. 


Mas, outra vez, atuando o Deus universo ou a Deusa da proteção, fora do congresso, em um lugar ao qual eu cheguei a ir, mas não não consegui visitar por falta de tempo, e, por isso, esbarrei em um grupo que também estava no congresso e também queria ir à praia e também queria uma companhia para completar o Uber. Gente, essas coisas felizes só acontecem comigo?


Agora, tenho casa e parceria garantida com o Pará e estou com aspectos da cultura desse estado no coração na minha playlist. 



Essas foram só algumas das lindas <coincidências> desta viagem. Quero falar mais sobre as outras, mas hoje estou dividida entre os desabafos escritos e uma animação da Netflix. Se tudo der certo, volto em breve. Se for como o padrão, talvez em um mês, um ano, ou depois de muitas versões de mim.


Já finalizando, cabe dizer que estou muito ansiosa sobre o doutorado. Hoje mesmo consegui, com muito custo, convencer um médico a me dar remédio para ansiedade. Mas, além de tudo, durante a viagem acordei, literalmente, com uma notícia muito importante para a minha carreira, mas também muito assustadora neste momento. Até isso teve nesse grande rolê internacional, gente! Será  uma grande oportunidade, mas uma redução enorme do meu tempo disponível, o que, naturalmente, deixou-me mais preocupada do que eu já estava.


Para terminar, apesar de todos os medos diários e tantas coisas que andam passando na minha cabeça como as oportunidades já perdidas: de ter uma família, uma casa, um pet, viajar mais, etc. eu olho para minha vida <juntamente com a clareza do meu cansaço> e penso que se eu não tiver tomado o melhor caminho, eu, com certeza, cheguei muito mais longe do que tudo que eu ousei sonhar e isso é massa. Tem que ser massa, porque eu arrisquei tudo para chegar aonde estou há um ano e pouco de chegar.


Querido (leitor/a), deseje-me energia e ainda mais sorte!


Obrigada!


domingo, 14 de janeiro de 2024

Autodesconhecimento?

Quase um ano sem postar nada. É uma tradição.

Vez ou outra eu navego pelo espaço de amigos ou desconhecidos e vejo que quase todo mundo faz isso. Vivo repetindo, mesmo que anualmente, que eu escrevo, porque preciso e não porque gosto. Não que não goste de ser lida e agradeça imensamente pelos poucos comentários que recebo. Aliás, muito obrigada! Mas, a verdade é que sinto muita dificuldade de respirar fundo e parar, ficar tranquila colocando as coisas no "papel".

A cada dia que passa, percebo como sou elétrica e que, raramente, tenho quietude mental e física. Aí, em meses, ou anos, sinto essa necessidade de colocar as coisas para fora - quando elas já não estão cabendo em mim – e me recordo do blog. Você, caro leitor, caiu em um esquema de terapia (risos). 

Um dos últimos textos que publiquei (eu acho) falava da minha ansiedade sobre mudar de cidade novamente. Já mudei algumas e, durante muito tempo, era uma aventura maravilhosa. Ao vir para a cidade que me encontro para cursar o doutorado, tive medo de ficar infeliz, de não viver boas experiências e não fazer amizades. 

Entre idas e vindas, passando alguns meses aqui e outros na casa dos meus pais, pela possibilidade de trabalhar on-line, tive tempo de fazer e desfazer amizades. Acho que, em um primeiro momento, a resposta para aquela Flor ansiosa e temerosa foi uma vivência fílmica, muito intensa da nova cidade e das amizades. Elas foram, em muito, a minha razão de decidir ficar por aqui de vez – por hora. Mas, em alguma curva das minhas idas e vindas, da necessidade de manter o foco na pesquisa, acabei me perdendo de algumas delas.  Essa situação me colocou de frente com um grande questionamento sobre se a cidade significaria tanto para mim quanto eu imaginava.

Antes de responder a essa autorreflexão, cabe dizer que sempre acredito na importância de dizer “sim” e aceitar propostas, mesmo que elas saiam da nossa zona de conforto, quando isso não representar quaisquer inseguranças. 

Bem, eu não jogo sinuca e nem pretendo aprender. Sou de humanas, não tenho coordenação motora, raciocínio lógico aguçado, enfim. Todavia, fui convidada para uma despedida de uma pessoa, com quem morei, para “aprender sinuca” e, depois de dois ou três vexames, sentei em uma mesa de canto e comecei a beber e só observar. 

Estava cercada somente de homens, era um ambiente no qual eu jamais entraria sozinha para tomar uma cerveja. Por sorte, mais sorte que eu imaginaria, apareceu uma garota e ela ficou uns 40 minutos apenas sentada ao meu lado antes de ir embora e antes se tornar uma grande amiga. 

Na semana passada, dormi na casa dela todos os dias. Ela achava que era ela que estava precisando de companhia, porque o namorido está trabalhando fora. Contudo, quem estava precisando conversar era eu. Hoje, a propósito, eu divido casa com uma outra amiga, que conhecei por causa desta primeira. Ou seja, um convite, uma amiga, outra amiga e uma casa. Um lar barato, aconchegante e confiável, decorrente de um aceite anterior.

Voltando ao questionamento, eu não trocaria a felicidade que vivi para não experenciar o luto que vivenciei por ter perdido as outras pessoas de quem eu fui próxima. Cheguei à conclusão que existem as circunstâncias, existem as decisões individuais e existe a tranquilidade de quem deu tudo de si.

Eu amo muito a cidade onde me encontro, ela é linda, tem acesso a cultura, é bem arborizada, sou sempre bem tratada, tenho uma rotina boa para uma doutoranda.    A gratidão por tantas coisas boas não se dissipa. Mas, hoje, mais madura, buscando a quietude que nunca tive, entendo que melhor que quantidade é qualidade: hoje, diria que tenho, ao menos duas pessoas que vou me esforçar ao máximo para levar para a vida. Talvez mais, talvez menos. Elas são super diferentes de mim, uma delas quase ficou pelo caminho por isso. Mas este tempo me ensinou que as diferenças, apesar das dificuldades da prática diária, me engrandecem muito.

Outra coisa importante é valorizar os “sims” e as novas possíveis conexões, salvaguardado o tempo de qualidade para cuidar das amizades já existentes. As amizades acontecem de forma orgânica, mas a gente precisa aceitar, convidar para entrar e receber bem. A gente nunca vai saber quem ficará, então, é bom expandir e – volto a dizer – cuidar bem dos laços.

Sim, vou amar esta cidade para sempre, porque doei o que pude da melhor forma pelas relações que fiz e que mantenho aqui (ainda doo). Estou bem satisfeita com a minha entrega e, talvez, se as pessoas que ficaram forem embora de onde estamos, assim como eu, mais dia, menos dia, também irei, será estranho – mas não menos grato – passar por aqui.

Todo lugar em que passamos longos períodos trazem vivências: boas, difíceis, mágicas e comuns. É importante sempre trabalhar o pensamento para que eles reflitam em reconforto sentimental, felicidade, quiçá.

O doutorado vai relativamente muito bem. Está na hora de qualificar e o prazo parece apertado para uma pessoa perfeccionista como eu. É manter o foco e correr atrás. Esta trajetória tem sido bem melhor que a do mestrado.

Volto em breve, com novidades, porque estou precisando falar.

 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Distraídos

Gosto de ser romântica, não gosto de ser eterna. Gosto de café, mas bem amargo. Não sei explicar. Gosto de me encantar, apaixonar-me, não gosto de problemas. Bem século XXI, amores líquidos. Vivências, apelidos, epítetos - eu adoro! Que tédio que deve ser encontrar alguém para sempre. Que triste deve ser o frio na barriga esquentar. Eu não, não tenho esta coragem. Não me julguem mal. Sim,  já amei. Lá pelos quinze, conheci - virtualmente - olhem só, o meu primeiro amor. Deixei ele ir. Perdi-o, no mínimo, umas duas outras vezes pela vida. Mal de paulistana, sempre perdendo o trem. Talvez seja essa idealização que me estraga. Sempre visualizei a vida perfeita da qual abri mão, porque estava procurando algo que ainda não encontrei  e  nem sei se existe. O nosso amor era ideal. Idas à doceria aos domingos à noite, bem distraídos, abraços cor de rosa, bicicletas pelo mundo. Qualquer distância disso é nada. Por qualquer meio vacilo, quatro meses ou quatro anos se vão sem que eu perceba. O ariano é isso: é tudo ou é nada. Queima feito brasa, jura ser eterno, vira as costas e esquece. Nem é de maldade, não é que estivesse mentindo. Mas, para a gente, é sempre sobre se encantar: minha vida vem sendo repartida em mil encantos que me distraem e distanciam dos passados próximos. Queria dizer que me arrependo, mas mentiria. Mal de áries. O que amo mesmo são as surpresas da vida. Acordo alegre, esperando a próxima novidade. Estou aqui ouvindo um som, lendo Drummond e desejando sorte para quem o teve. Sei que ele ainda me lê, enquanto me escreve e apaga, esquecendo a caneta atrás da orelha.

Que fase triste da vida deve ser encontrar o amor

Sem mais nervosia, sem a ansiedade do primeiro, do segundo e do terceiro encontro

Encontrar alguém para passar o resto da vida e acabar com o mistério, com a busca

Eu não.

Felicidade é desbravar

O amor que me espere no corte da espada ou no próximo salto, 

que segure a minha mão para o sobrevôo 

Esta vida é sobre a minha energia

Desatenta

Desinteressadamente interessada. Não deu tempo de processar, tampouco fazer raiva. Tô bem curiosa. Não é curiosidade. Ce já mostrou bem o que ce sabe. Como ce sabia como?  Como ce sabia tanto? Paraíso astral.  Signo  que mete medo. Se for sempre assim, corro o risco. Falar em risco estando distante é um alívio. Só recordo à noite, umas duas vezes, talvez três, por semana. Já é o segundo texto... Intensa, menina, intensa. Primeiro e último ou primeiro de muitos? Curtindo não ligar. Curtindo não saber. Curtindo não retornar e nem ter futuro. Mas observo. Uma hora vou te chamar. Por agora, estou curtindo esta curiosidade desatenta,  seduzente. Não fique ansioso, tenho sol e ascendente em queimaduras, sou famosa por isso. 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Surpresa


Adormeci ouvindo a música que você postou. Na letra, alguém estava apaixonado e sendo deixado. Há uns mil anos,  não dormia tão bem. Há dois mil, não metia o louco nesse grau. Foi mais intenso que o meu padrão. Inesperadamente e no último momento possível. Suas mensagens aleatórias, meu desaparecimento constante… Por muito tempo, somente uma viagem da minha cabeça. Os 7 meses para ser foram na última noite. Quis ser mais sóbria, sincera e demorada. De uma parte, ando exausta, de outra, passagem comprada - risco de taxas psicológicas. Acontecimentos avisados, mitos irrealizáveis. Nem paixão e nem fuga. Que sensação estranha. Sem coxinha dourada e sem cheiro de laranja. Como explicar o tempo? Sete meses em uma noite. Sem sapato de cristal. Mas, dormi ouvindo a música. Por que tamanha entrega? Jeito, vontade? Escorpião. Que meio termo maravilhoso. Que sensação estranha. Vivência pressentida e nunca levada a sério. Noite sem pressentimentos seriamente vivenciada. Acontecemos. Uma mesma natalidade, dois países. Desculpando-se, sugeriu futuro, sem desculpas, sumi. Mas, vou dormir com a música... e elaborando.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Custo

É claro que iria doer de vez em quando, este é o custo. E é claro que mesmo os regidos pelos sóis mais superadores sofrem em um domingo à noite, vendo Fantástico e comendo estrogonofe sozinhos. Signos de fogo. É, este é o preço. Alguns psicólogos dizem que para quem segue direitinho a receita, 6 meses é o suficiente. A gente levou uma noite só para sentir o que sente. Eu sinto. Sinto que errei também. "Pensamentos, atos e omissões". Mas a verdade é que quando falo em vez ou outra, não estou mentindo e é isso que me assusta. Estou aqui, linda, dirigindo a minha vida sem lembrar de nada, rindo alto como sempre, fazendo piada de tudo. Daí, no farol, do nada, alguém cruza a faixa e parece com você, com seu meu cabelo, com a sua minha roupa favorita, com o seu meu sorriso, com o seu meu café, com o seu meu desafeto. Doem, sangram. Depois somem. A saudade nunca consome a felicidade de um bom ariano, não nego.  No entanto, não negaria que ela existe. E quando algum gatilho aparece, tão logo me estranho, porque eu estava aqui dirigindo a minha vida numa boa, numa rua bonita, numa estrada enorme, e, do nada, mil gatilhos atravessam a faixa de pedestres. Esta saudade, picadinha, igual aquele jalapenho que você ama, dói uma vida inteira. Não todo dia, mas sempre com uma intensidade que fulmina e vai embora, do jeitinho que a gente fez.






sábado, 24 de setembro de 2022

Na ZL

Típico ariano, encontrei-te numa festa. Esperado para câncer, fez-te romance.  Eu servi vinho na caneca. Ce preparou chá na taça. A junção dos nossos astros se traduziu em noites viradas ao som de Gil. Em segundas veganas sob à luz da Betânia.  Praia no frio de São Paulo. 

Sempre espero ir, é isso que o ariano faz. Só começa, não termina, vai embora. Voltei. Um, dois, três... finais de semana. Minha intensidade te meteu medo. Sua corajem me deu segurança. Paixão? Acende, pausa. Continua só talvez. O amor é obra - construção. Os amigos me deram um mês. Já são quase três, só não tem nome. Não pelo signo, pelos ritos dos títulos. Sou exigente. Tão diplomada em partir, dessa vez, quero ficar. A primavera chegou, a gente não voltou para casa. Não precisa nomear, precisa ser.